domingo, 1 de novembro de 2009

Levo comigo




-Leve contigo!
Apontou a moça para a almofada, indicando que o moço a colocasse na mala. O peito, há tempos comprimido, voltou a respirar vagarozamente. Aquele pedaço de estofado dado por ela a ele numa data valiosa para ambos, significaria, a partir de então, um resquício de afeto vivo na ruína que restou do amor entre os dois.
Era o que faltava para que a bagagem quase pronta dele, mas ainda assim vazia, enfim ficasse completa.
"O amor deveria mesmo ser como uma esmola capaz de multiplicar cifras bancárias"
Clichelizou a pobre mente do mendigo sentimental, não percebendo que ao invés de partir em um mar sereno e belo, navegava por cima das próprias lágrimas.